sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Feliz Cidade

Numa cidadezinha de lugar nenhum,
chora um caboclo na porta de uma igreja qualquer.
Este tencionado a casar-se estava em pleno altar,
Cortejava sua futura esposa com dentes expostos.
O padre iniciara a cerimônia,
Com olhar distante a esposa sequer ouvia o que diziam,
Sendo necessário que o padre interpelasse por três vezes consecutivas se a moça aceitava o caboclo como esposo.
Três também foram os minutos em que a moça demorou para responder,
Receosa afirmou que sim.
Quando três boas praças adentram a igreja deturpando a cena.
Um se apresentou como Discórdia,
O mesmo interrompeu o casamento dizendo:
Este não serve para ti, mereces mais.
Caboclo de nascimento, ira sujar-te com o suor do trabalho,
Denegrindo sua linda imagem.
Outro conhecido como Ilusão também interrompeu a cerimônia.
Muito boas tardes a todos,
Me chamo Ilusão, sou o que alguns chamam de bruxo, outros denominam-me astrólogo, já eu identifico-me como profeta.
Venho até este fim de mundo pois esta moça não deve se juntar a esta criatura.
Se a mesma der seqüência a "isto" estará cometendo eutanásia,
Sua vida será mais seca que o deserto, seus sentimentos deixarão de viver contigo.
Não passará de pobre vegetal morto em terra seca.
A duvida que já visitava o ser da pobre moça se fez mais presente.
O terceiro e derradeiro golpe veio com aquele a quem chamam de Medo.
Este tinha o rosto cadavérico, os olhos esbugalhados envoltos em ódio e um sorriso malicioso nós lábios.
A sua voz soava como trovão, rouca e forte e até mesmo o padre ficou acometido pelo pânico, que atingia a todos como um punhal dilacerando a carne,
Este iniciou sua intervenção, direcionando seus ataques para a pobre garota,
Afirmava veemente sinta medo, pois se casar com este homem seus filhos serão sombras,
Sua vida será poeira,
Seu afeto será veneno,
Seu amor tornar-se-á terror.
Ao final de sua investida armada,a moça desapareceu.
Saiu correndo feito louca pela igreja, tropeçou no degrau da escadinha.
Rasgou o vestido e parte da perna em um prego que estava um pouco saliente,
E desapareceu no horizonte juntamente com o sol que já se punha.
As pessoas abismadas partiram e se refugiaram em suas casas.
Um andarilho conta que os três destruidores de sonhos sugiram de uma amor mal resolvido.
Perderam as almas ao serem deflagrados pelo desprezo,
hoje destroem o que tentaram um dia construir.
O caboclo por sua vez foi visitado pelo sofrimento e pelo destino,
Hoje anos após a sua desgraça, permanece sentado na escada da igreja,
Segurando de firme o pedaço de vestido que ficara preso no prego,
Única coisa que restou de sua amada.
Este diferentemente dos demais não se tornou destruidor de sonhos.
Apenas chora ininterruptamente,
Tentando fazer com que de suas lagrimas se faça brotar esperança na terra seca e morta de um lugar perdido e esquecido no tempo.

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