Eu levo comigo a bagagem,
A bagagem que vida trouxera,
Trago no inverno a bagagem da primavera,
E no verão carrego bagagem de outono.
Neste momento,levo bagagem.
Bagagem de outrora,
Levo comigo os membros mortos,
Mortos em batalha.
A bagagem pesa,
Sempre pesou,
Mas não sou de deixar,
Gosto de levar.
O silencio mudo, dita o ritmo dos passos,
As vezes espasmos, quero falar,
Mas pra que?Louco a delirar?
Falando com bagagem.
Ontem houve uma tiragem,
Alguns largaram o peso para trás.
Eu, tirei alguns restos.
Restos de mim, guardei na bagagem.
Minha bagagem esquisita,
Sempre pulsa dentro de mim.
Grita agoniada pedindo atenção,
Minha resposta vaza dos olhos, silenciosa.
Os restos da eternidade,
Sempre guardei dentro da bagagem,
Levo comigo onde for,
Cuido com carinho para que não extravie.
Bagagem extraviada, é caboclo sem historia.
A minha carrego bem juntinha de mim,
Arraigada nas veias, junto ao sangue,
Que escorre pelas chagas, mas sempre busca bagagem.
Bagagem, talvez seja a garagem esquecida de alguns.
Guardam coisas velhas, trancam a fechadura,
E abrem novamente somente para jogar novos despojos.
Os despojos dos brinquedos de infância que já não tem mais sentido.
Na minha bagagem a matéria pesa invertida.
Tenho um tempo de meia tonelada, que levou um século para suceder.
Mas tenho somente um bibelô, que pesa mais do que a infinidade de mundos por sobre as costas.
Esse bibelô indígena a mim importa de mais, e carrego comigo mesmo que seu peso aos poucos atrofie minhas pernas frágeis demais para sua intensidade.
Cada pedaço tem seu dia,
Cada pedaço é dono de todos os dias.
Por isso não fazem festas, nem bodas.
Me abstenho dos parabéns, porque seria necessário dize-lo todos os dias.
Carrego tudo com cuidado, para que nada se rompa ou se quebre.
Se algum dia vier acontecer de algo se quebrar,
Colarei o imaterial e levarei os fragmentos remendados,
Da minha rápida história, dentro de bagagem.
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