segunda-feira, 13 de julho de 2009

Louca Viagem

Hoje me deparei com velhos cacos caídos no chão,
Cacos que dantes haviam cortado minhas mãos,
Hoje secaram minhas lágrimas de sangue,
E curaram-me chagas apodrecidas e esquecidas.

O que aparentava ser gangrena, não passava de vida.
E estes com seu brilho particular me diziam,
Não há o que se lamentar, e lembraram-me Vinicius;
Enquanto meus ouvidos desatentos ouviam-lhes a palavra.

"A vida é a arte do encontro companheiro,
Embora haja tanto desencontro pela vida."
E como quem se perde para se achar
Transitei a minha procura pelas ruas escuras

E a madrugada me acolheu, como uma mãe acolhe a um filho,
E a lua com seu brilho inocente me sorriu
E o céu pouco estrelado ao poucos se abria
E o mar de asfalto se fez presente com suas ondas de pó

E como uma ode não escrita, grilos e cigarras
Que ali não estavam sincronizavam seu gemido,
Gélido no meio da velha madrugada
E como se um arrepio percorresse meu corpo

Muitos não presentes ali se encontravam
Inclusive as partes íntimas que me faltavam
E uma estrela condoída da situação
Se suicidou cortando a noite com seu brilho

E quando enfim minh´alma se libertara
Já se fazia dia, e o sol complacente
Se ria entre gozos da ventura alucinada

E foi assim que a lua desfez-se em bruma
E a madrugada deu lugar ao alvorecer
Enquanto um cachorro uivante, cantava
esquecida canção, do tempo de renascimento

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