domingo, 29 de novembro de 2009

Acaboclando

Caboclo anda de pé na terra,
Pra mode cresce nos zóio
Os fruto da vida seca.

Quando dorme em pé de serra
Caboclo tapa os zóio, sente brisa;
Caboclo sempre frisa:
Os friso do dente faz gente feliz.

Caboclo espalha riso,
Distribui cadinho de candura
de dentes expostos.

Caboclo vive sorto, avoando por aí.
Bebiricando mais um gole de sonho,
Caboclo conclui:
Sermente germina mentalidade da gente.

Um comentário:

Nadine Granad disse...

Presente...
Fragmento, pois o poema é extenso... Mas fica a lembrança:

O Sabiá e o Gavião




Eu nunca falei à toa.
Sou um cabôco rocêro,
Que sempre das coisa boa
Eu tive um certo tempero.
Não falo mal de ninguém,
Mas vejo que o mundo tem
Gente que não sabe amá,
Não sabe fazê carinho,
Não qué bem a passarinho,
Não gosta dos animá.

Já eu sou bem deferente.
A coisa mió que eu acho
É num dia munto quente
Eu i me sentá debaxo
De um copado juazêro,
Prá escutá prazentêro
Os passarinho cantá,
Pois aquela poesia
Tem a mesma melodia
Dos anjo celestiá.

[...]

Mas, tudo na vida passa.
Amanheceu certo dia
O mundo todo sem graça,
Sem graça e sem poesia.
Quarqué pessoa que visse
E um momento refritisse
Nessa sombra de tristeza,
Dava pra ficá pensando
Que arguém tava malinando
Nas coisa da Natureza.

Na copa dos arvoredo,
Passarinho não cantava.
Naquele dia, bem cedo,
Somente a coã mandava
Sua cantiga medonha.
A menhã tava tristonha
Como casa de viúva,
Sem prazê, sem alegria
E de quando em vez, caía
Um sereninho de chuva.
[...]


Abraços afetuosos!